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Por que discutir gênero na escola ainda é um tabu ?

Apesar de o tema ser socialmente relevante, gerar bastantes dúvidas e despertar pontos de vista diferentes, os debates estão longe da sala de aula. Iniciativas para promover uma educação plural ainda são vistas de forma distorcida por uma parcela da população. Isso porque a falta de informação leva muitos pais a pensarem que gênero, sexualidade e identidade de gênero são convicções ideológicas.

Para o psicólogo Esequias Caetano, é comum as pessoas desqualificarem o debate sobre o tema. “Por muitos anos a homossexualidade foi considerada doença pela psiquiatria; muito por influência da religião, que a considerava pecado, e muito por influência dos critérios adotados antigamente para a qualificação do que é normal e patológico: até pouco tempo atrás, ‘normal’ era aquilo que era coerente com a maioria, e ‘patológico’ era o que destoava”, afirma.

Em resposta à questão, a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) divulgou nota esclarecendo que “ao contrário de ‘ideologias’ ou ‘doutrinas’ sustentadas pela fundamentação de crenças ou fé, o conceito de gênero está baseado em parâmetros científicos de produção de saberes sobre o mundo”.

Segundo Esequias, o tema ainda enfrentará resistência, pelo fato de a cultura brasileira ainda ser bastante conservadora e machista, o que impede a questão de ser vista como um direito fundamental. “Discutir gênero implica modificar crenças profundamente arraigadas em nossa cultura. Crenças que são tão difundidas e repetidas que adquiriram status de verdades quase incontestáveis, como as que dizem o que é coisa de homem e o que é coisa de mulher, por exemplo”, explica o psicólogo.

O clima de resistência é sensível, mas ainda há quem aposte em um ambiente escolar inclusivo. “Antes, por não entender do assunto, eu achava o tema ‘perigoso’ para ser apresentado às crianças, mas depois de me informar melhor na internet e ler mais sobre o tema, acho necessário”, disse a doméstica Diana Oliveira, mãe de uma garotinha de sete anos, aluna da Escola Estadual Abílio Caixeta de Queiroz, em Patos de Minas.

Além de levar o tema para as escolas, é preciso conscientizar e esclarecer os pais. A mídia exerce papel fundamental nesse processo, por sua capacidade de propor discussões e oferecer argumentos que, se bem elaborados e apresentados de forma clara, objetiva e assertiva, podem ajudar a esclarecer sobre a importância de pautar o assunto na sala de aula.

Por Flavio Sousa

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